Região
da Madeira/Vinho da Madeira
História
A
ilha da Madeira ficou famosa por uma preciosidade, cobiçada
por reis, príncipes e nobres, que mereceu ser citada por grandes
nomes da literatura mundial: o delicioso vinho da Malvazia,
um vinho de extrema suavidade, doce e muito aromático, deixando
um travo sedutoramente amargo.
Este
capitoso embaixador natural levou o nome da ilha da Madeira
aos confins do mundo.
O
vinho Malvazia teve a sua origem em Napoli Di Malvazia, vila
marítima não muito longe de Sparta. O vinho desta região era
famoso na Idade Média, mas em pouco tempo desapareceu.
No
entanto, a casta sobreviveu na ilha de Creta, de onde foram
exportados, em princípio do século XV, os vidonhos, para a ilha
da Madeira.
Nos
terrenos saibrosos e virgens da ilha a casta de uva «Malvazia»
frutificou admiravelmente e produziu o vinho que, segundo o
escritor micaelense, Gaspar Frutuoso, que em 1590 publicou o
livro SAUDADES DA TERRA, «é o melhor que se acha no universo
e se leva para a Índia e outras partes do mundo».
Tendo
a ilha da Madeira sido descoberta em 1419 por João Gonçalves
Zarco e Tristão Vale Teixeira, vinte e cinco anos depois já
se produzia bom vinho, pois o navegador veneziano Cadamosto,
ao passar por lá em 1445, ao serviço do Infante D. Henrique,
provou o Malvazia e achou-o muito bom.
A
cultura da vinha dá-se nas encostas soalheiras, do lado Sul
da ilha, onde se cultivam uvas das quais se extrai o vinho da
Madeira, nomeadamente nas zonas de Campanário, Ponta do Pargo,
Câmara de Lobos e Estreito.
A
região vitivinícola da Madeira abrange actualmente 1.850 hectares,
aos quais se devem acrescentar 80 hectares de Porto Santo, ilha
vizinha que tem sobretudo interesse na cultura da uva de mesa
e no fabrico de mostos concentrados.
Nas
freguesias vitícolas situadas na parte meridional da ilha cultivam-se
as melhores castas européias para a produção do vinho generoso.
Por
outro lado, no Norte, duas freguesias ocupam lugar predominante
por se situarem no meio de vinhedos, o que lhes dá um aspecto
curiosíssimo: Porto Moniz e Seixal.
Castas
recomendadas (Dec. Req. Regional N.º 20/85/M)
As
castas mais conhecidas são: Sercial (Cerceal), Bual (Boal),
Verdelho Tinto, Malvazia Cândida, Malvazia Roxa, Terrantez,
Verdelho Branco Bastardo, Tinta da Madeira e Negra Mole.
Castas
autorizadas: Carão de Moça, Moscatel de Málaga, Malvazia Babosa,
Malvazia Fina, Rio Grande, Valveirinha, Listrão, Caracol, Tinto
Negro, Complexa, Deliciosa e Triunfo.
Resumo:
o organismo que superintende o Vinho da Madeira é o I.V.M. (Instituto
do Vinho da Madeira). Na produção, o máximo autorizado por este
Instituto é de 80 hl para vinho generoso.
Fabrico/Produção
O
fabrico do vinho generoso da Madeira compreende várias operações
que se realizam nos armazéns dos exportadores.
Essas
operações, que têm por objectivo imprimir certas características
químicas e organolépticas ao vinho, são as seguintes: alcoolização,
estufagem ou envelhecimento, arejamento, clarificação, estufagem
ou envelhecimento, arejamento, clarificação e afinação.
O
processo de fabrico é de bica aberta, sendo o esmagamento das
uvas feito com os pés.
Envelhecimento
O
envelhecimento do vinho é feito normalmente por meio de estufagem,
durante alguns meses, a temperaturas próximas de 50º, através
de estufas ao sol ou com calor produzido pela circulação de
água quente.
Há
ainda outro processo de envelhecimento chamado «vinhos de canteiro».
Este sistema é pouco utilizado, embora dê ao vinho uma originalidade
e um carácter muito especial, difícil de igualar.
Tipos
de vinho da Madeira e características
O
vinho da Madeira tem uma graduação alcoólica compreendida entre
os 17,5º a 22º, com diferentes tipos que estão ligados às castas
de onde provêm e que segundo o seu grau de doçura são os seguintes:
-
Sercial
(seco)
-
Verdelho
(meio seco)
-
Boal
(meio doce)
-
Malvazia-Malmsey
(doce).
Existem
ainda outros tipos, entre os quais o Terrantez, com características
semelhantes ao Boal.
O
vinho da Madeira chamou-se, em tempos longínquos, vinho da volta
ou vinho da roda.
Os
produtores embarcavam, em navios à vela que se destinavam à
Índia e às Antilhas, vários cascos cheios de vinho que iam e
voltavam no mesmo navio ao porto do Funchal.
O
calor das zonas tropicais e o balanço dos navios tornavam o
vinho forte e sumamente aromático.
Chamava-se
a este vinho o vinho da roda por ter dado a volta a grande parte
do globo.
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