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Revista Apolónia Janeiro de 2006
 

Confraria dos Gastrónomos do Algarve

A exaltação dos sabores regionais

Ângela Santos

Sensibilizar os hotéis e restaurantes algarvios a incluir nas suas ementas três ou quatro pratos típicos da região, confeccionados “como deve ser” e “com produtos autóctones” é uma das tarefas principais da Confraria dos Gastrónomos do Algarve que teve o seu “1º Grande Capítulo”, o primeiro momento de entronização dos seus membros, a 19 de Novembro do ano passado.

“Os estabelecimentos que cumprirem esses requisitos serão distinguidos com uma placa de recomendação por parte da confraria”, adianta o grão-mestre José Manuel Alves, que assegura: “com o ritmo de trabalho que levamos, daqui a um ano já teremos algum peso na região e quem gosta de comer estará atento a esta preferência”.

O primeiro passo na promoção da cozinha regional será acompanhado de um guia que incluirá o levantamento da carta gastronómica. “Vamos fazer uma recolha do receituário antigo e tradicional em cada um dos 16 concelhos algarvios para o que esperamos conseguir o apoio das juntas de freguesia”, garante.

No entender daquele responsável, corresponde às confrarias “zelar para que as tradições não morram, contribuindo ao mesmo tempo para que a gastronomia seja dignificada como património cultural”.

Organizar jantares temáticos mensais em cada um dos municípios é outra das actividades pensadas para este ano, iniciativa que aparece associada “à figura do confrade Conselheiro regional que tem como obrigação participar na preparação e escolha conjunta do local e ementa”: Os temas podem ser abrangentes e estender-se “do ambiente a aspectos culturais variados”.

A formação dos profissionais da restauração, sobretudo no interior, faz também parte dos objectivos onde se inclui igualmente a concretização de um sonho que José Manuel Alves assume como pessoal: “abrir um restaurante no centro da região que espelhe a gastronomia algarvia. Um espaço onde se sirvam todos os mimos do nosso Algarve”. E nome já tem. Chamar-lhe-á “O Confrade”. A forma de funcionamento também está definida: “não terá fins lucrativos e trabalhará exclusivamente com reservas”.

Numa região “com tão forte potencial gastronómico”, José Manuel Alves sempre estranhou existir apenas “uma Confraria de Enófilos que inclui também a palavra Gastrónomos no nome mas muito mais vocacionada para os vinhos, como toda a gente reconhece”. Na sua opinião, “estava por preencher uma enorme lacuna” que acredita não beneficiava nem o Algarve nem as suas gentes.

Com uma experiência feita à frente do gastronomias.com, o mais conhecido roteiro gastronómico português on-line, aquele responsável pertence a várias confrarias do Minho ao Alentejo e é conselheiro científico de mais de uma dúzia de restaurantes. 

Apaixonado da gastronomia do barrocal, com presença marcante na ceia de Natal que a confraria organizou aquando da participação no programa “Praça da Alegria”, o grão-mestre assinala ainda as preocupações sociais e culturais desta irmandade. Fazendo jus a essa causa, promoveram um jantar de solidariedade para com a Catraia, Centro de Acolhimento Temporário para Crianças em Risco, em Portimão.

Constituída em 9 de Setembro último, a irmandade pretende também defender e divulgar a autenticidade da gastronomia regional “sem reprimir a sua evolução natural e adequada aos progressos da técnica”.

 

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