Confraria dos Gastrónomos do Algarve
A exaltação dos sabores regionais
Ângela Santos
Sensibilizar os hotéis e restaurantes algarvios a
incluir nas suas ementas três ou quatro pratos
típicos da região, confeccionados “como deve ser” e
“com produtos autóctones” é uma das tarefas
principais da Confraria dos Gastrónomos do Algarve
que teve o seu “1º Grande Capítulo”, o primeiro
momento de entronização dos seus membros, a 19 de
Novembro do ano passado.
“Os estabelecimentos que cumprirem esses requisitos
serão distinguidos com uma placa de recomendação por
parte da confraria”, adianta o grão-mestre José
Manuel Alves, que assegura: “com o ritmo de trabalho
que levamos, daqui a um ano já teremos algum peso na
região e quem gosta de comer estará atento a esta
preferência”.
O primeiro passo na promoção da cozinha regional
será acompanhado de um guia que incluirá o
levantamento da carta gastronómica. “Vamos fazer uma
recolha do receituário antigo e tradicional em cada
um dos 16 concelhos algarvios para o que esperamos
conseguir o apoio das juntas de freguesia”, garante.
No entender daquele responsável, corresponde às
confrarias “zelar para que as tradições não morram,
contribuindo ao mesmo tempo para que a gastronomia
seja dignificada como património cultural”.
Organizar jantares temáticos mensais em cada um dos
municípios é outra das actividades pensadas para
este ano, iniciativa que aparece associada “à figura
do confrade Conselheiro regional que tem como
obrigação participar na preparação e escolha
conjunta do local e ementa”: Os temas podem ser
abrangentes e estender-se “do ambiente a aspectos
culturais variados”.
A formação dos profissionais da restauração,
sobretudo no interior, faz também parte dos
objectivos onde se inclui igualmente a concretização
de um sonho que José Manuel Alves assume como
pessoal: “abrir um restaurante no centro da região
que espelhe a gastronomia algarvia. Um espaço onde
se sirvam todos os mimos do nosso Algarve”. E nome
já tem. Chamar-lhe-á “O Confrade”. A forma de
funcionamento também está definida: “não terá fins
lucrativos e trabalhará exclusivamente com
reservas”.
Numa região “com tão forte potencial gastronómico”,
José Manuel Alves sempre estranhou existir apenas
“uma Confraria de Enófilos que inclui também a
palavra Gastrónomos no nome mas muito mais
vocacionada para os vinhos, como toda a gente
reconhece”. Na sua opinião, “estava por preencher
uma enorme lacuna” que acredita não beneficiava nem
o Algarve nem as suas gentes.
Com uma experiência feita à frente do
gastronomias.com, o mais conhecido roteiro
gastronómico português on-line, aquele responsável
pertence a várias confrarias do Minho ao Alentejo e
é conselheiro científico de mais de uma dúzia de
restaurantes.
Apaixonado da gastronomia do barrocal, com presença
marcante na ceia de Natal que a confraria organizou
aquando da participação no programa “Praça da
Alegria”, o grão-mestre assinala ainda as
preocupações sociais e culturais desta irmandade.
Fazendo jus a essa causa, promoveram um jantar de
solidariedade para com a Catraia, Centro de
Acolhimento Temporário para Crianças em Risco, em
Portimão.
Constituída em 9 de Setembro último, a irmandade
pretende também defender e divulgar a autenticidade
da gastronomia regional “sem reprimir a sua evolução
natural e adequada aos progressos da técnica”.