Conselho Europeu de Confrarias |
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16 a 30 de Novembro de 2016 |
Os queijos
portugueses, para além de serem grandes queijos, são arte, vida,
símbolos quase sagrados da cultura camponesa.
Alguns, feitos artesanalmente, nas melhores "Rouparias" do País.
QUEIJO DE ALCAINS
O sabor muito intenso e algo picante do Queijo da Cova da Beira não se deve, como muitos julgam, a algum tempero com piripiri mas apenas ao efeito da cura pelo sal em condições muito especiais.
Trata-se de um queijo de mistura, de leite de ovelha e cabra, que tem origem nos tempos em que a salmoura era a única forma de conservar os produtos da terra.
O Queijo Queimoso Lidador é dos poucos que utilizam ainda os processos tradicionais de fabrico deste queijo tão peculiar.
Assim a cura do queijo queimoso é feita em plena Serra, em pequenas casas de granito, sem janelas e com chão de terra batida, onde se criam as condições ideais de maturação.
Aí, os queijos são salgados e envoltos em palha, iniciando-se então um longo processo de cura, em que os queijos são periodicamente lavados, salgados e empalhados, colocados primeiro na horizontal e depois na vertical, em cima da palha estendida no chão.
Só quase dez meses depois de dar entrada nas casas de cura é que o verdadeiro queijo queimoso volta a ver a luz do dia, pronto para ocupar lugar de destaque na mesa dos apreciadores.
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Queijos portugueses
Portugal é um país produtor de queijos de excelência, tanto de vaca como de ovelha ou cabra ou até de mistura, uma consequência de ter o
território pejado de bons pastos.
Para proteger a qualidade dos tradicionais queijos portugueses foram criadas as Denominações de Origem Protegida e uma Indicação
Geográfica.
O queijo de Cabra Transmontano é curado e extra duro. É produzido em Mirandela, Macedo de Cavaleiros, Alfândega da Fé, Carrazeda de
Ansiães, Vila Flor, Torre de Moncorvo, Freixo de Espada à Cinta, Mogadouro, Valpaços e Murça.
O queijo Terrincho tem origem no leite de ovelha churra da terra quente, conhecida por Terrincha, existente na região do Douro. É um
queijo de cura natural e tem forma de prato, com crosta lisa e de cor amarelo-palha. A pasta é untuosa e pode ser deformável. Tem um
sabor suave.
O queijo Serra da Estrela, feito com
leite de ovelha, é um dos mais famosos de Portugal e também é conhecido por todo o mundo. É produzido nos concelhos de Nelas, Mangualde, Celorico
da Beira, Tondela, Gouveia, Penalva, Fornos de Algodres e Carregal do Sal, principalmente entre Novembro e Março.
Este queijo de sabor suave e cheiro intenso tem um período de maturação no mínimo de trinta dias. Trata-se de um queijo curado com pasta branca ou
amarelada semi-mole, amanteigada, obtida de leite cru. Tem forma de cilindro e uma crosta maleável, lisa e fina, amarelo-palha.
O queijo de Castelo Branco, de leite de ovelha, é curado e de pasta semi-dura, amarelada. É confeccionado após esgotamento lento da coalhada. O
queijo tem a forma de um prato e uma crosta amarela, enquanto a textura da pasta é fechada: tem um sabor acentuado, que pode até ser picante se a
cura tiver sido prolongada. O tempo habitual de cura é de 40 dias. É fabricado nos concelhos de Idanha-a-Nova, Castelo Branco e Fundão.
O queijo do Rabaçal, produzido na região que vai da Serra de Ansião a Pombal, Soure, Penela e Condeixa-a-Nova, é feito à base de leite de ovelha ou
de cabra, ou até da sua mistura. O queijo do Rabaçal, que é amarelo-palha, tem forma de prato e uma crosta lisa. A pasta é algo untuosa e
deformável. Pode ser consumido semi-fresco, meio curado ou completamente curado e tem um sabor suave.
O queijo de Azeitão, produzido em Palmela, Sesimbra e Setúbal, terá nascido no século XIX, quando um criador de ovelhas local levou a Azeitão um
pastor das Beiras para que este confeccionasse um queijo tipo Serra a partir da sua produção de leite. Foi criado um queijo de ovelha diferente mas
saboroso, que depressa se tornou conhecido. Trata-se de um queijo curado de pasta semi-mole amanteigada, que tanto pode ser branca como amarelada.
O modo tradicional de elaboração do queijo de Azeitão indica que o leite é coalhado em potes de barro.
O queijo de Serpa é o mais famoso entre os alentejanos, caracterizando-se por um forte aroma e pelo seu sabor picante. Trata-se de um queijo de
leite de ovelha curado, de pasta semi-mole. É revestido por uma cobertura fina e ligeiramente rugosa, amarelo-palha. A pasta é unida e cremosa,
muita macia, e ao cortar pode verter, por estar quase liquida. O queijo de Serpa é mantido durante um mês nas queijarias em ambiente fresco e
húmido antes de ser comercializado.
O queijo de Évora, de dimensões reduzidas, tornou-se popular graças ao sabor ligeiramente picante e ácido que apresenta. É amarelado mas vai
escurecendo em contacto com o ar. Trata-se de um queijo curado que tanto pode ser duro como semi-duro, ambos com uma crosta lisa ou algo rugosa. A
pasta interior é amarela e macia, bem consistente. O queijo, antes de ser comercializado, é acondicionado em ambiente húmido durante um mês, no
caso da pasta semi-dura, ou três meses, na pasta dura.
O queijo de Nisa, que é curado de forma artesanal, é composto por uma pasta semi-dura branca amarelada e tem uma crosta maleável que, com o tempo,
vai endurecendo. Tem um aroma bastante forte e é ligeiramente ácido de sabor.
Nos Açores há a destacar essencialmente dois queijos, o do Pico e o de São Jorge. O do Pico é produzido a partir de leite de vaca cru e tem a forma
de prato e uma crosta amarela. A pasta, entre o branco e o amarelado, é irregular, pouco compacta e muito untuosa, sendo ainda mole e pastosa. Tem
um aroma intenso e um sabor activo salgado. A cura do queijo do Pico dura quatro semanas.
O queijo de São Jorge, também elaborado com leite de vaca cru, tem uma massa consistente e é amarelo-palha. Tem a forma de cilindro de grandes
dimensões já que pode pesar entre cinco a sete quilos. A crosta, amarelada escura por vezes manchada de castanho, é dura e lisa. A cura do queijo
de São Jorge, que tem um aroma forte e um sabor ligeiramente picante, vai de um a três meses.
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