Quando se tem o prazer de ter um queijo na nossa frente para
avaliar e apreciar precisamos de todos os nossos cinco sentidos.
A vista permite-nos ver a forma, o aspecto e a cor da casca e da
pasta. O ouvido permite avaliar o som do queijo à percussão, ou
seja, ao batimento da mão. Se tem muitas ou poucas aberturas
interiores, apercebemo-nos com este acto. O olfacto dá-nos os
descritores do cheiro. O paladar permite-nos aperceber do gosto. O
conjunto das sensações olfacto-gustativas, ou seja, o que durante
muito tempo se designou pelo termo inglês «flavour» é dado pelo
gosto e pelo olfacto mas usando a via retro-nasal. Finalmente, o
tacto, quer das mãos quer da língua, dá-nos o toque do queijo: se a
casca é lisa ou rugosa, se a pasta é macia ou áspera, seca ou
quebradiça.
Os queijos têm uma forma geométrica mais ou menos regular:
cilindro, alto, baixo ou longo, quadrado, cónico, redondo,
esférico, tronco de pirâmide. Quanto à dimensão, podem ser
pequenos, médios ou grandes.
A superfície lateral pode ser direita, côncava ou convexa. As
superfícies superior e inferior são em geral planas. Os bordos
podem ser bem definidos ou arredondados.
A parte exterior pode ser fina e pouco consistente: nesse caso
chama-se «revestimento», como no Camembert ou Brie; pode ser mais
dura e consistente, como nos queijos de casca lavada e escovada de
cura mais ou menos prolongada: neste caso será a «casca» ou
«crosta» que pode ser lisa e fina, mais ou menos espessa, ou
rugosa.
A espessura da casca e da camada subjacente dá uma ideia do tempo
de cura do queijo e da qualidade do seu envelhecimento.
As cores da casca variam muito. Pode ser branca, branco-creme,
amarela, amarelo-palha, ocre, avermelhada, acastanhada, cinzenta e
cinza com diferentes tonalidades que vão do pálido ao vivo e
pronunciado.
Após o corte aparece-nos a pasta e começamos então a entrar na
intimidade do queijo. A pasta pode apresentar-se de muitas
maneiras: compacta, mole, dura, amanteigada, untuosa, granulosa...
Pode ser fechada, sem aberturas, ou pode ter aberturas. Estas
provêm das fermentações que se passam no interior do queijo e
variam em função da fermentação específica de cada tipo de queijo.
As aberturas podem ser redondas — nesse caso chamam-se olhos,
normalmente espelhados por dentro — ou podem ser irregulares,
distribuídas de uma maneira uniforme ou muito espaçada na pasta. Há
ainda os «queijos azuis» que têm um tipo de pasta muito particular,
percorrida interiormente por canais ou «veias» azul-esverdeadas ou
acinzentadas devidas ao desenvolvimento dos bolores e que é
denominada muito a propósito pêlos franceses por «patê persillée».
Quando cortamos a pasta devemos logo cheirar o queijo. O cheiro
pode ser classificado quanto à intensidade: fraco, pouco intenso,
intenso, penetrante, persistente... Quanto às suas características,
pode dividir-se em 8 famílias: láctico, vegetal, floral, frutado,
tostado, animal, a especiarias e outros.
Quanto ao sabor, depois de o queijo ser uniformemente distribuído
pelo interior da boca, passa por quatro sensações primárias: doce,
ácido, salgado e amargo. Estas sensações são completadas pelas
sensações trigemi-nais, que dão as sensações de picante,
adstrigente, ardente, refrescante, acre e metálico.
A análise sensorial é hoje uma ciência, cada vez com maior
aplicação na área alimentar e que consiste em descrever o mais
objectivamente possível e com palavras adequadas as percepções
sensoriais provocadas pelo alimento, tendo por objectivo
caracterizar os múltiplos aspectos do seu cheiro e sabor.
Afinal, pretende-se identificaras sensações que nos dão esse
deslumbramento e infinito prazer de degustar um queijo.
QUE VINHO BEBER COM QUEIJO
Um bom princípio é acompanhar com vinho da mesma região, se possível.
Para
queijo de paladar menos acentuado:
vinho tinto suave, pouco graduado.
Para queijo picante ou paladar muito acentuado: vinho tinto, mais forte.
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